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O "RUSSO" DA PRESTAÇÃO

LOGO nos primeiros anos do Século 20 apareceram em Taubaté algumas famílias de judeus que fixaram-se em também por todo o Vale do Paraíba iniciando suas atividades no ramo de comércio ambulante, principalmente.
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SENTA que lá vem história.
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TAMBÉM chamados de "Cometas" o vendedor ambulante vendia de tudo: linhas de costura, agulhas, dedais, roupas, sabonetes, tudo o que uma família precisava para sobreviver.
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O Zé Povinho logo os apelidou de "Russo da Prestação", os homens que de charrete percorriam os bairros diariamente vendendo sob o sistema de prestações.
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NÃO havia promissória nem duplicata nem letra de cambio, nem cheque, nem cartão de crédito, muito menos PIX. Tudo se resolvia facilmente: um vendia, o outro comprava. A palavra empenhada era tudo.
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O COMPRADOR dava uma entrada e ficava devendo o restante em prestações suaves.
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UM "RUSSO" da prestação tinha a seu dispor uma faixa da cidade para trabalhar. Para isso entrava para uma sociedade organizadora com certa quantia.
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"COMPRAVA" o direito a determinadas ruas e nenhum outro concorrente atrapalhava o seu comércio.
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VENDIA livremente, recebia como podia, praticava o seu comércio segundo sua própria iniciativa.
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OS "RUSSOS" da prestação nunca foram russos. Era judeus e jamais escorchavam. Quando um cliente entrava em dificuldade por doença ou qualquer outro motivo, o "russo da prestação" consentia no atraso da prestação e não raro ajudava o freguês a recuperar-se.
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UMA MANEIRA inteligente de prosperar e fazer amigos para sempre.
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COM o crescimento da cidade o "russo da prestação" que percorria as ruas da cidade foi desaparecendo, mas foi o inovador, o criador dessa forma de comércio que está disseminada no mundo todo: a venda à crédito.
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HOJE não temos mais o "russo da prestação" com sua charrete cheia de quinquilharias batendo de porta em porta.
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SORTE dele que não eram ainda nascidos os protetores de animais de quatro patas que certamente iriam implicar com os cavalos e éguas que ajudavam o homem a sustentar uma família puxando charretes.
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FONTE DE REFERÊNCIA - O segundo livro "Conversando com a Saudade" (capa preta) de Emílio Amadei Beringhs de 1967 de minha Biblioteca Particular.
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ISSO POSTO...






  • Fontes: JOSE CARLOS JÚNIOR