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A voz da essência do coração e da vida

Escutar, olhar, sentir. Onde existe o nada, a vida concentra-se no interior. A maior riqueza é descobrir que se pode escutar o coração em sua profundidade. Os nossos barulhos internos vão diminuindo, e somos levados a fazer o caminho do centro. Onde não existe nada,aparece a pessoa e a riqueza do coração. O coração fala. E aí, Deus fala. No lugar onde Deus mora, escuta-se a voz de Deus. O coração fala, chora, desanima, renasce, desacredita, desconfia, sente o convite ao amor, descobre Deus, compromete-se com Ele.
Ao longo da nossa vida, chega o momento em que precisamos de perder tudo, para que o coração fale o que tem de mais precioso.
Quando ao nosso lado tudo desaparece, faz-se ouvir a voz do coração, a voz da essência do coração da vida. No encontro da pessoa e do nada, faz-se ouvir a voz da essência, a voz do fio da vida, do amor original.
Encontrar o espaço bom para calar a nossa arrogância, a nossa falta de gratidão, para resolver os nossos conflitos, para juntar e integrar o nosso ser partido, para amar o ser, para descobrir e assumir ideais, para saciar o coração. Quando desaparece tudi, o coração volta a ser o lugar sagrado, onde Deus mora.
As tentações são sempre coisas que nos atraem como coisas boas. A nossa vida está cheia de lagoas. Lagoa do prazer sem limites. Lagoa do poder, ou a lagoa do prestígio, ou a lagoa do enriquecer, ou a lagoa do aparecer que exerça fascínio sobre nós. Às vezes sem pensar, e às vezes pensando muito, mergulhamos nas nossas lagoas.
Deus fala-nos ao coração, revela os nossos ídolos, os nossos falsos amores, as nossas tendências ao fechamento em nós mesmos,a nossa autossuficiência, a nossa falta de rumo, a nossa imaturidade humana e espiritual.
Quando nos dispomos a descobrir algo novo e nos pomos a caminho, é muito fácil perceber que somos constituídos por memórias que nos facilitam ou dificultam a experiência do novo que buscamos. Partir em busca de algo novo pressupõe deixar o antigo para trás. E para encontrar o novo do caminho é necessário despirmo-nos de uma série de hábitos e atitudes e conceitos apreendidos anteriormente ( pré-conceitos).
Deus mostra as memórias do nosso coração, memórias afetivas que nos querem fazer viver em função do passado. Memórias de acontecimentos desagradáveis, traumas, lembranças de pessoas, mágoas, ressentimentos, constituem o nosso mundo interior. E também memórias de acontecimentos felizes, mas que hoje não podem repetir-se como foram antes.
Em função delas,pode acontecer que o nosso hoje não seja hoje, mas uma repetição do passado. Por elas, tantas vezes perdemos a esperança, queimamos projetos, desfazemos alianças, sentimo-nos mal na presença deste e daquela, isolamo-nos, fugimos ou desconfiamos, ou maltratamos pessoas inocentes.
Percebemos que precisamos de curar nossas memórias para o que agora seja agora, com a beleza e a verdade que ele nos traz. Para curar as nossas memórias há um caminho a fazer: acolher, conhecer, assumir, expressar, compreender, perdoar, reconciliar, integrar.
Os traumas de outrora, pelo perdão e reconciliação, tornam-se acontecimentos de graça. Precisamos da ação de Deus em nós, para gerar as nossas disposições e a abertura ao crescimento, e para juntar o nosso ser dividido; precisamos do acompanhamento de alguém de fé e na fé; precisamos de trabalhar o nosso ser dia a dia.
19.03.2021 Prof. José Pereira da Silva







  • Fontes: PROFESSOR DR. JOSÉ PEREIRA DA SILVA

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