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- Estás à espera de quem?

- Já não espero ninguém! Estou só a usufruir a brisa passar...
- Não tens família?
- Tenho! Deixei de esperá-los...
- Estão zangados?
- Não! Estamos resolvidos, de bem... com a vida!
- Como assim?
- Aprendi com os anos de caminho que não devemos esperar ninguém!
- Mas... uma mãe deve esperar sempre os seus filhos...
- Por muitos anos achei que sim... Depois aprendi que só esperámos na ilusão de posse... No dia em que entendemos que ninguém pertence a ninguém, que até os filhos são do Universo, passámos a ser livres para receber, sejam os filhos ou tudo o que a vida nos reserva!
- E quando os filhos não chegam?
- Quem nada, nem ninguém espera, tudo é só vida a acontecer...
- É difícil de entender!
- Eu sei. Fomos iludidos a sentir amor como apego, quando a verdade é que o autêntico Amor é saber desapegar. Amor é liberdade para amar sem prender, para amar permitido ao outro voar!
- E não sentes solidão?
- Ela não existe para quem resgatou para si o direito de também continuar a voar...
E hoje, mesmo de forma diferente, aceito e ajusto e continuo a permitir-me ao meu voo!
- E quando não conseguires?
- Eu acredito que quem se permite a ser livre, a morte chegará leve, quando o meu corpo físico deixar de poder voar, partirei de regresso a casa!

E sabes...
Acredito também que esse é o propósito da vida, nunca deixar de voar.
Para em Alma voo para Sempre SER!
Até lá...
Vou continuar a usufruir simplesmente a brisa passar...

Fragmentos da minh'Alma - Sem Hora Marcada.








  • Fontes: ODILA DE FATIMA OLIVEIRA SOUSA