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*Desemprego e inflação devem acompanhar brasileiros em 2022, diz economista*

Professor da Esamc Santos avalia que alta do petróleo e do trigo em curto espaço de dias provoca na economia brasileira reflexos de longa duração

A economia tem um cenário desafiador este ano, recrudescido pela guerra na Ucrânia, pela insistência da pandemia e, no Brasil, pela indecisão política em ano eleitoral, fatores que ampliam desemprego, inflação e índices de pobreza. A avaliação é do economista Luciano Simões, professor da Esamc Santos. Segundo ele, a alta do petróleo e do trigo em curto espaço de dias provoca na economia brasileira reflexos de longa duração. Ele avalia que há poucas chances de o desemprego no País cair até dezembro, a inflação vai chegar de vários lados e, com tudo isso, fica difícil pensar no PIB positivo para este ano.

Em 24 de fevereiro, a Rússia invadiu a Ucrânia, e os aspectos de curto prazo foram terror local e pânico no mercado de ações, pois a possibilidade de uma terceira guerra mundial começou a pairar no ar, lembrou Simões. O Euro Stoxx 600, principal indicador do mercado de ações na Europa, caiu 4,5% em algumas horas, e o Ibovespa caiu dos 112 mil pontos para 109 mil pontos em apenas duas horas de pregão, mas até às 17h, voltou aos 111.590 pontos.

De acordo com o economista, a dinâmica dos mercados globais flutuaram de forma semelhante, com queda e ascensão durante os pregões, contexto esperado para uma situação de crise, pois investidores grandes aproveitam para comprar ações boas a preços baratos. “O que infelizmente não esperávamos eram as repercussões dessa guerra para nós”, afirmou. A economia e os impactos dos fatos recentes sobre ela tem sido tema das aulas do professor na Esamc.

No primeiro dia da guerra, explicou Simões, o mercado começou a impulsionar o preço do petróleo, que até então estava cotado a US$ 95,86, alcançando US$ 133,00 no dia 8 se março, hoje no patamar de US$ 108,00. “Isso refletiu diretamente no preço de nossa gasolina, pois a Petrobras teve a valorização do seu produto no exterior, o que chamamos de commodities, assim, os produtos primários possuem sua cotação em escala global e em dólar. Se o petróleo valoriza no exterior, ele encarece para nós aqui no Brasil”, disse.

O economista apontou que a alta do petróleo interfere em toda a cadeia produtiva, aumentando os custos e gerando inflação. Ele acrescentou que o dólar também subiu com a crise, assim como trigo, que estava em US$ 898,00 em 23 de fevereiro e chegou a US$ 1.362,00 no dia 7 de março, valorização de 51%. Simões comentou que o Brasil importa da região 60% do trigo consumido no País, o que trará fortes impactos para cadeia produtiva.

O mesmo vai ocorrer com os produtos agrícolas, já que o Brasil importa 34% dos fertilizantes da Rússia e, com eventual desabastecimento, a feira ficará mais cara. “Com todos esses efeitos, a nossa inflação, que vinha de 10% do ano passado, poderá chegar a 6% em dezembro, isso porque o governo vem combatendo-a com a alta dos juros (Selic), que poderá chegar a dezembro a 12%. Temos discutido esses números nas nossas aulas na Esamc para avaliarmos o cenário econômico do País”, afirmou Simões.

O economista lembrou que mesmo a queda da inflação tem custo para a sociedade, porque a redução dos preços pode ser resultado de vendas fracas, o que causa demissão. “Logo, o desemprego no Brasil poderá aumentar no próximo semestre e, com o juro mais caro, dificilmente atrairemos empreendedores a abrir novos negócios, pois com a Selic em 12%, fazer um financiamento fica caro para o empresário”, afirmou.

As decisões dos empresários, investidores e empreendedores também estão dependendo do quadro político brasileiro e a indecisão natural do ano eleitoral acaba por deixar os planos em modo de espera, conforme o economista. “Novas empresas, novas vagas e crescimento da economia não virão tão já”, apontou.

*Bom momento para comprar ações*

Mas há também boa expectativa no mercado, a forte volatilidade no mercado de ações. Segundo Simões, para investidores é um bom momento para comprar, pois as ações de boas empresas estão baratas e, assim que a guerra passar, elas valorizam novamente, como aconteceu no ano de 2020 com a pandemia. Outro fator que ajuda é a entrada de capital estrangeiro, pois o dólar cotado a R$ 5,15 deixa a Bovespa mais atrativa para o mercado internacional.






  • Fontes: FABRÍCIO JUNQUEIRA

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