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Fazer o quê?

FALANDO SÉRIO
A espécie humana é dada, pelo Criador, o direito do livre arbítrio. Sendo assim, os erros e os acertos são inerentes a todos os homens (às mulheres também) que compõem as mais variadas castas que vivem na face da Terra.
Por isso o ditado que diz: “só erra quem faz”, subentende-se que quem não faz não erra.
Penso eu, que não é bem assim que devemos entender o dito popular. Mesmo pelo Aurélio, a definição de “fazer”, tende sempre ao sentido de realizar, dar existência, criar, construir, produzir, enfim, leva-nos ao raciocínio do bom e do correto: - “ele é um homem que faz”, significa enaltecer alguém realizador, sério e empreendedor.
Na linha deste raciocínio me questiono: o que pensar daqueles que não fazem e, quando fazem, fazem errado? Paremos um pouco aqui com nossa elocubração do “fazer” e, vejamos a interferência do “dever” na correta formação de quem faz.
O “dever” nasce com a vida do homem em comunidade, ou seja, com a transformação do Homo Natura em Homo Socialis, do mesmo modo que nascem o Direito, a Lei e a Autoridade.
Convém salientar que foram precisos vários milênios de pré-história humana para que o sentido de “dever” pudesse penetrar nas entranhas do homem, que foi durante muito tempo um animal individualista e anárquico, que viveu como Homo Natura, sem intuição nem obediência a outras leis que as que compunham a natureza.
Myra y Lopes em seu livro Quatro Gigantes da Alma ensina... “há uma necessidade premente de aceitar o “dever” como uma das pedras fundamentais da vida civilizada. Sem Lei não há Ordem Social – dizem-nos – e sem sanção não há Lei válida. Em tal caso é preferível que a sanção seja interna e adquira valor preventivo, a que seja puramente externa e só tenha um valor punitivo ou, no melhor dos casos, compensatórios”.
Dizendo de outro modo podemos afirmar que o “dever” seria o regulador que permitiria uma adequada distribuição de liberdades individuais, em benefício da coletividade humana que o prega e adota.

Desta maneira concebido, o “dever” adquire uma significação benéfica e se nos apresenta sob um aspecto lógico e simpático, justo e razoável.
Se estão acompanhando meu raciocínio, já podem perfeitamente anteciparem-se às óbvias conclusões do presente ensaio.
Do que poderíamos estar falando, senão da catastrófica situação de desgoverno em que nos encontramos (Executivo, Legislativo e Judiciário).
Porque aqueles que tem ditado as normas do “dever” se obstinam em fazer-nos cumpri-las, ignorando sempre quais os limites e as possibilidades de nosso Ser, e nos tem pedido sempre mais, e mais e naturalmente, sabendo que jamais poderemos cumprir?
Julgaram ser útil exagerar as obrigações, para contrabalançar os benefícios que adviriam de um razoável sacrifício.
E o Homo Natura, hoje tão bem representado pelos Príncipes da social-democracia se têm lançado à tarefa de azedar-nos a existência com pacotes, embrulhos e por que não, muita sacanagem e demais meios de coerção moral, que tem, por assim dizer, degradado e prostituído a verdadeira missão do “dever”, fazendo com que este se nos apresente com sua face antipática, angustiante e malévola.
Os efeitos de tamanha aberração, tem sido o de desacreditar-nos todo o tempo, ontem, hoje e principalmente no amanhã desse nosso... han...han, País.
Voltando ao princípio, no raciocínio do “fazer”, podemos agora, sem medo de errar, afirmar que nosso exemplo fica bem melhor assim: “ele é um homem que se faz” (aqui também vale para todos empoderados).
Já dizia há muito tempo nosso ilustre e consagrado conterrâneo, Monteiro Lobato: ... “este País nasceu bichado, vai morrer bichado”.
Até prova em contrário ??? !!!


Joinville, 11 de janeiro de 2021
Henrique Chiste Neto







  • Fontes: HENRIQUE CHISTE NETO

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