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Bota eu aí Pojuca

FALANDO SÉRIO

- Bota aí Pojuca!
- Bota aí!...
- Ô cara, vai lá e vê se dá uns dois petardos na cara daquele goleiro!
- Ô meu, não deixa o cara fazer firula na sua frente, bota ele pra correr longe de nossa área...- o sotaque era daquele bem paulistano do Bexiga.
O ano não faz muita diferença, deve ser lá pelos idos de 1965 ou 1966, pouco importa.
Um grupo de “moleques” tinha saído do juvenil e ingressado na equipe de adultos do TCC. Do glorioso TCC.
Eram jovens em formação que ainda estudantes, orbitavam nas esferas sociais da jubilosa Taubaté dos “anos dourados”.
Pois estes jovens “meninos” passaram pelas mãos e compartilharam a convivência do Ipojuca que comandava a equipe adulta de futebol de salão do clube da rua das Palmeiras.
Os “velhinhos”: Marta Rocha, Celinho, Michela, Pompéia, Japonês e outros tantos estavam se aposentando das quadras deixando espaço para os “meninos”: Marco Aurélio, Tipiti, Reinaldinho, Beto Drumond, Gininho, Chiste, Marcinho, Alemão, Celso Dor no Saco e muitos outros.
Do juvenil, cuidava o seu Zé Catate, e tinha cadeira cativa. O Gino Consorte já com enorme bagagem de conhecimento e conquistas foi junto com os veteranos fundar o “clube vermelhinho”- Farrapos, e com grande motivação disputar os campeonatos da Liga Municipal de Futebol. A bola agora era maior.
Assim o time do TCC de futebol de salão precisava de um comandante.
- Ipojuca é o homem. – Alguém teve a feliz idéia.
- Aceito, bota eu aí. – E encerrou-se o assunto. Paulo Bianchi, o Ipojucan era o novo treinador.
O time foi fácil de arrumar. A molecada era unida e sabia jogar bola.
- Pojuca, bota eu aí....
- Vai lá, e vê se num corre do pau hem!
Eu conheci o Ipojucan jogando futebol de salão no time do Amaral.
Naquele tempo havia uma empresa, chamada Cestas de Natal Amaral onde as pessoas compravam as ditas cestas e pagavam o ano inteiro através de prestações e recebiam o produto no final do ano. O ícone da empresa era um gigante, o Gigante Amaral, e a cor de todo o material de publicidade era amarelo berrante.
Pois o Ipojuca era um dos que “mandavam” naquele time, que quando entrava em quadra dava até dor na vista pelas camisas, calções e meias amarelas berrantes.
Eu vi isso. E vi um esguio atleta de bigode bem aparado comandando o time na quadra.
Anos antes apareceu um jogador de futebol que jogou a maior parte de sua vida no Vasco da Gama de nome Ipojucan, e o nosso Paulo Bianchi, fazia-se um sósia perfeito do consagrado atleta natural de Maceió, nas Alagoas, Ipojucan Lins de Araújo.
O referido atleta chegou a defender a seleção brasileira e encerrou a carreira na Portuguesa de Desportos.
O nosso Ipojuca, alfaiate de profissão, foi responsável pela elegância de muitos “senhores” da época. Na sua alfaiataria da rua Quinze de Novembro, passei horas agradáveis em conversa na maior das vezes sobre o Palmeiras, seu time do coração.
Pelas suas mãos hábeis e laboriosas passaram o sustento da família e a educação dos filhos. Lembro do carinho que tinha pelos meninos Paulinho e Cesinha e pelo grande respeito por dona Terezinha.
Fica aqui a gratidão de ter convivido com essa excepcional criatura humana – Paulo Bianchi – o Ipojuca.

Joinville, 10 de novembro de 2006.

Henrique Chiste Neto








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  • Fontes: HENRIQUE CHISTE NETO

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