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A SESSÃO MERCURINHO

Como você não sabe, nossa antiga aldeia dos índios Guaianás já teve CINCO salas de cinema onde os astros e estrelas de todo o mundo desfilavam todas as noites.
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Nos cinemas cujas iniciais eram Palas e Urupês, nos domingos de manhã acontecia a Sessão Mercuriho.
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Queira sentar-se que lá vem história.
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Na Sessão Mercurinho exibia-se os desenhos animados que faziam a cabeça da garotada que ainda vivia em um mundo sem televisão.
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Frajola, Pernalonga, Hortelino Troca Letras, o Pato Donald e seus sobrinhos, Pateta, Vovó Donalda, Tio Patinhas, enfim o mundo de Walt Disney.
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Também os clássicos do cinema mudo: Carlitos Chaplin, o Gordo & Magro e tudo o mais que Hollywod mandava para o mundo todo.
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A balbúrdia era total. Aproveitava-se a Sessão Mercurinho para trocar gibis, figurinhas, exercitar as primeiras paquerinhas.
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Num determinado momento interrompia-se a exibição dos filmes para que um funcionário do Cinema subisse ao palco para fazer o sorteio de algumas prendas entre a garotada.
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Ao mesmo tempo, nas bilheterias do cinema na rua as pessoas aproveitavam para comprar os ingressos para a concorrida Sessão das Sete Horas que era obrigatória para encerrar a semana, fosse qualquer filme que se exibisse.
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Todo o mundo do cinema começou a desmoronar quando surgiu a televisão..
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Primeiro a TV-Tupi com as novelas. Em seguida a TV-Record com os Festivais de Música.
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Então vieram as locadoras alugando todos os filmes que as pessoas tinham curiosidade em assistir em suas casas.
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A tecnologia fez com que as salas de cinema ficassem as moscas. E todas viraram lojas, igrejas, condomínios, restando apenas na memória o encantamento da Sessão Mercurinho que fez parte da melhor fase da vida de cada um de nós.
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  • Fontes: JOSÉ DINIZ JUNIOR