• Home
  • REFLEXÃO
  • Elaboração Emocional: a inteligência do coração
| 318

Elaboração Emocional: a inteligência do coração

As emoções tem um forte papel na vida humana, porém assiste-se infelizmente uma atrofia da mesma. A tristeza, riso, alegria, , lágrimas, frustração fazem parte na vida humana cotidiana.
A excelência humana exige o espírito de fineza como disse Blaise Pacal ( 1623-1662) e não somente o espírito de geômetra. Muitas vezes as emoções são vistas e entendidas como impertinentes, levando muitas pessoas a dissimulação diante dos receios colocamos no rosto um sorriso. Muitas emoções não expressadas causam abismos nas relações humanas. Compreender as emoções e sentimentos é sempre uma necessidade pessoal. Se quisermos ter uma vida satisfatória e equilibrada temos que buscar a integração e harmonia das emoções.
Silenciar emoções pode causar traumas, sendo que a dor expressa e compartilhada traz alívio. Muitas emoções são recalcadas o que eventualmente pode gerar transtornos mentais. Toda emoção não expressa adequadamente pode dar origem a uma emoção deprimida. Depressão, ansiedade, melancolia está na ordem do dia no mundo. Diante de tal cenário temos uma medicalização da existência humana.
Apesar dos avanços tecnológicos, do acesso aos bens materiais e da melhoria da qualidade de vida as pessoas tem emoções fragmentadas e se sentem insatisfeitas. A realização pessoal e uma existência satisfatória exigem uma integração maior do ser humano.
Um certo “déficit” emocional apresenta-se como algo que causa mal-viver e mal estar psicológico. Isso atinge as relações humanas e afetivas. É preciso o equilíbrio entre pensar e as emoções. É necessário reaprender toda uma gramática do coração. A alegria é algo pessoalíssima e profunda, não existe duas alegrias iguais, assim como não existe duas lágrimas iguais. São revelações da vida humana. A sociedade destaca o homo faber, que faz e realiza esquecendo muitas vezes do homo festivus, que acolhe e celebra suas emoções. Uma sociedade racionalista e técnica tende a relegar para um segundo plano as emoções.
Os ruídos interiores e imagens envolve as pessoas e as protege daquilo que são na verdade. É necessário afastar tais ruídos e ouvir as emoções e o profundo que habita em nós, como exortava o poeta Píndaro: “ Torna-te aquilo que és”.
As emoções precisam de um tempo de silêncio para senti-las e ouvi-las melhor e de forma mais clara. A efervescência do emocional deve levar em conta a racionalidade. Escutar as emoções permite a busca de sentido existencial. Muitas vezes a preocupação excessiva por si mesmo, pela própria imagem, pelas aparências ou pela percepção dos outros nos distancia de nossas emoções e sentimentos genuínos. O ego pode nos distrair da nossa realidade emocional. Distração que acontece quando o foco do coração e mente está fora do lugar. O eu deve escutar as emoções expressas e não expressas.
As emoções compreendidas e vividas trazem certa luminosidade interior. A razão também nasce da emoção, os choques e confrontos emocionais são importantes para conclusões racionais. As emoções devem ser acolhidas em sua complexidade e simplicidade afastando-nos da autossuficiência. “Olhar" os sentimentos, como dizia o dramaturgo francês Paul Claudel (1868-1955): “Os olhos escutam”. Como expressava Alberto Caeiro: imprescindível não pensar, antes sentir.
Exercitar a atenção nas emoções e sentimentos não imposição de nosso desejo, conhecimento ou certezas. É um processo de acolhimento e despojamento. Exige toda atenção e assimilação demorada e paciente. Toda atenção é antítese da pressa. Não querer interpretar apressadamente, mas olhar e sentir até as relações inaparentes surgirem. Confrontar-se com o enigma dos sentimentos.
Os emoções positivas ou negativas ajudam quando trabalhadas ao nosso crescimento pessoal. Devemos abraçar nossas emoções, não devem ser evitadas e sim acolhidas. Emoções devem ser harmonizadas e nossas aliadas. As emoções não são irracionais, são instrumentos da racionalidade. Existe muita coisa do nosso interior e no interior de outras pessoas que só entendemos através das emoções. Paul Ricoeur (1913-2005) dizia: “A linguagem é a luz das emoções”. É preciso dar nome as emoções. Como lidamos com as nossas emoções?
01.08.2025 Prof. Dr. José Pereira da Silva













  • Fontes: PROFESSOR DR. JOSÉ PEREIRA DA SILVA